Vou iniciar o meu comentário ilustrando um pouco como começou o "movimento dos dekasseguis" como é chamada a vinda dos brasileiros para o Japão. Iniciou-se nos anos 90 com a era Collor. Brasileiros que vêm para buscar uma solução para seus problemas diversos, principalmente financeiros. Mas ao chegar ao Japão tem que enfrentar problemas como: saudade da família, discriminação, dificuldade no idioma, cultura e costumes diferentes etc. Muitos que vêm para o Japão eram donos de seu próprio negócio, formados, ex-donos de lavouras etc. E chegando ao Japão vão trabalhar nas fábricas ou serviços pesados que seja rejeitado pelos japoneses. Isso torna a vida no Japão mais difícil para adaptação. Geralmente essas pessoas acabam entrando num ciclo vicioso de vai e vêm. Elas vivem numa ponte-aérea do Brasil/Japão e Japão/Brasil. Guardam dinheiro para comprar a casa própria, montar um negócio próprio enfim ter mais tranquilidade financeira no Brasil. Mas nem sempre isso acontece e então elas acabam voltando para o Japão.
Esse fluxo de brasileiros aumentou no Japão mais ou menos uns dez anos atrás e foi então que se iniciaram as escolas brasileiras. Essas escolas geralmente começam como pequenas creches em casas ou apartamentos e são dirigidas por mulheres. Com o aumento do número de crianças aluga-se um prédio maior onde se inicia a alfabetização e assim as séries vão aumentando progressivamente. Hoje são 50 escolas reconhecidas pelo MEC. Na maioria são escolas de caráter particular e sem subsídios do governo.
Agora o governo japonês exigiu o idioma japonês como obrigatório nas escolas reconhecidas.
Essas escolas trabalham com o material didático do Brasil e seguem o mesmo calendário das escolas do Brasil. E há carência de profissionais formados nas áreas específicas para lecionarem. Por isso que o curso de formação a distância veio favorecer muito estas instituições. No Japão os pais têm duas possibilidades para matricularem seus filhos: em escolas japonesas que pertencem ao Sistema Público ou em escolas brasileiras que pertencem ao Sistema Privado. Na escola japonesa o ensino é de primeiro mundo, com toda infra-estrutura que uma escola deve ter. Eles aprendem: tocar instrumentos, cantar, esporte, natação, cultivar horta, ter disciplina e as matérias que se seguem dentro do seu currículo. Fora que essas escolas oferecem quadra esportiva, campo e área de lazer. Mas muitos brasileiros não se adaptam nessas escolas por causa do idioma, cultura e sistema mais rígido que dos brasileiros e fora o preconceito que sofrem por parte dos japoneses. Os brasileiros que começam estudar nessas escolas desde pequeninos ainda se adaptam, mas com o passar do tempo não querem mais. Por isso seus pais colocam essas crianças para estudarem nas escolas brasileiras. E também quando esses pais querem retornar para o Brasil, assim será mais fácil a adaptação dessa criança na escola do Brasil. Muitos brasileiros já iniciam seus estudos em escolas brasileiras.
Essas escolas brasileiras não têm toda infra-estrutura que tem uma escola japonesa. São de porte pequeno, não possuindo quadra esportiva e então elas alugam a quadra da prefeitura japonesa para os alunos realizarem a educação física. Não têm parquinhos e nem espaço para área de lazer. As crianças são levadas para os parques da cidade para brincarem. Isso acaba acarretando muitas vezes problemas de hiperatividade e obesidade nessas crianças.
Mas esses são assuntos que quero falar com mais calma em outro momento. |